Seminário aponta ameaça de terceirização e demissões para bancários

A ameaça de terceirização e a diminuição de postos de trabalho no ramo financeiro foram os principais problemas levantados durante debate realizado pelo Sindicato na manhã desta quarta-feira (8), na abertura da reunião dos delegados sindicais, na sede da entidade. O encontro antecede as assembleias dos bancários do BB e da Caixa, que serão realizadas na noite desta quarta e definirão os delegados e as pautas específicas do DF para os encontros nacionais dos dois bancos públicos. 

Como parte das discussões que nortearão a Campanha Nacional 2016, o debate foi conduzido pela economista e coordenadora da Rede Bancários do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Regina Camargos.

Ela apresentou uma reflexão coletiva realizada pela Rede Bancários do Dieese, elencando vários pontos que irão impactar definitivamente as relações dos bancos com clientes e, principalmente, com trabalhadores do setor.

De acordo com o estudo, segundo a economista, as formas de atendimento e de relacionamento com os clientes tenderão a ser cada vez mais digital, deixando as características de atendimento pessoal e presencial no passado.

Já os trabalhadores serão impactados drasticamente em várias questões: aumento da jornada de trabalho e do ritmo e intensidade das tarefas; mudança nas formas de remuneração; ampliação de escolaridade e competências exigidas; alargamento da faixa etária; e piora nas condições de trabalho, que irão afetar diretamente a saúde dos trabalhadores.

“Além de sofrerem com a pressão dos patrões, os bancários também passam por constrangimento junto aos clientes que acreditam que as mudanças são feitas por quem presta o atendimento nas agências. Isso afeta sensivelmente a saúde do trabalhador”,  avaliou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.

Impactos da reestruturação  

Ainda segundo o estudo, em relação ao tema reestruturações, os bancos lançam mão dessas medidas impulsionados por mudanças socioeconômicas locais e globais, de natureza conjuntural e estrutural que envolve, entre outras questões, queda ou elevação da inflação e da taxa de juros, mudanças culturais e geracionais, tendências mundiais do setor e ciclos de crescimento e de crise do capitalismo.

Para se reestruturarem, os bancos se apoiam em três pilares: novas tecnologias, eliminação de postos de trabalho via terceirização e mudança no foco do negócio. “Os banqueiros são os mais interessados na terceirização. O principal alvo agora é eliminar a função de caixa nos bancos, transformando esse cargo em apenas um prestador de serviço. Essa é uma onda que vai levando embora gente, sonhos e esperança de vagas de emprego.”

Regulação e novas tecnologias

Em um balanço da situação no setor financeiro desde a década de 80 até os dias atuais, Regina destacou diversos problemas para a categoria bancária. “Os bancários vêm passando por um processo de mudanças ininterrupto desde o final dos anos 80, respondendo às inovações tecnológicas implantadas pelo setor. Isso tem fortes impactos na ação sindical e na negociação coletiva.”

Outro ponto que impulsiona a reestruturação no setor tem a ver com as mudanças regulatórias externas e internas. “O papel dos bancos passou a ser apenas o de vendedor de produtos e serviços financeiros. O regulador do sistema, que é o Banco Central, não tem respondido a essas mudanças. Primeiro ocorre a mudança e só depois vem o regramento. É preciso cobrar uma regulação mais severa sobre essas novas tecnologias.”

Entre as mudanças das últimas duas décadas, foram elencadas a massificação das tecnologias de autoatendimento pela internet (52% dos clientes usam smartphones e 32%, agências e ATMs); a proliferação de correspondentes bancários, chamada terceirização para fora; e a eliminação de cartões magnéticos pelas tecnologias de aproximação, com a disseminação das máquinas POS de última geração acopladas aos celulares.

Modelo de remuneração

Para remunerar a categoria que passou a prestar serviços de venda e consultoria, baseados em cumprimento de metas, a economista acredita que é preciso estabelecer melhores critérios para a distribuição de PLR. “É importante repensar este modelo e fazer mudanças sistêmicas para aumentar o ganho dos bancários.”

Agências digitais

Sobre as agências digitais, Regina Camargos aponta: “Este é um mega-problema, pois desconstrói totalmente a jornada do bancário. O rodízio das horas de serviço é arbitrário e não existe nenhuma regra sobre o novo serviço implantado, o que dá margem para os bancos burlarem até mesmo a legislação trabalhista.”

Rosane Alves
Do Seeb Brasília

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