Bancos não apresentam nova proposta e empurram bancários para greve a partir do dia 18

 

Após três dias de negociações (28 e 29 de agosto e 4 de setembro) com o Comando Nacional dos Bancários, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltou a frustrar os trabalhadores na terça-feira (4) ao continuar negando reivindicações importantes da categoria, como aumento real de salário condizente com o lucro das instituições financeiras e reajuste no piso. Diante de mais um truque dos banqueiros, a categoria não vê outra saída senão a greve, instrumento legal previsto na Constituição Federal.

Assim, o Comando Nacional dos Bancários definiu calendário de mobilização que aponta para a realização de assembleias dia 12 em todo ao país, para deflagrar greve por tempo indeterminado a partir do dia 18, com assembleias organizativas no dia 17.

A rodada de negociação realizada nesta terça-feira durou menos de meia hora. Contrariando as expectativas de que colocariam novos avanços na mesa, os bancos mantiveram a proposta de 6% de reajuste (aproximadamente 0,7% de aumento real) apresentada no dia 28 de agosto.

“Bancários de todo o país esperavam que os bancos realmente apresentassem uma proposta decente e que evitasse uma paralisação. No entanto, mais uma vez os bancos se utilizaram de truques para enganar os trabalhadores”, criticou o diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, que integra o Comando Nacional dos Bancários e participa das negociações com a Fenaban.  “Chega de enrolação. Se não nos valorizarem, vamos parar”, acrescentou o dirigente sindical.

Na avaliação de Clever Bomfim, presidente do Sintraf-Ride  os bancos empurram os bancários para a greve. “A categoria quer uma proposta condizente com o lucro das seis maiores instituições financeiras do país, que somente no primeiro semestre de 2012 ultrapassou os R$ 25 bilhões”, argumentou.

Para os executivos, tudo; para os bancários, nada

Ao citarem a crise financeira internacional e a ‘queda’ dos lucros para negar aumento para os bancários, os bancos se contradizem. Se para os trabalhadores não há dinheiro em caixa, para os executivos são reservadas verdadeiras fortunas e ainda com aumento real.

“Os bancos aumentaram os bônus de seus executivos e se utilizaram de artifícios contábeis para reduzir a lucratividade, além de continuarem demitindo trabalhadores, o que precariza as condições de trabalho, adoece os bancários e piora a qualidade do atendimento bancário”, destacou Araújo, do Comando Nacional dos Bancários.

Dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelam que a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%.

A remuneração total dos diretores dos quatro bancos, que inclui as parcelas fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ 839 milhões em 2011. Cada diretor estatutário do BB embolsará este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco receberão R$ 4,43 milhões cada um, os do Santander R$ 6,2 milhões. E no Itaú saltou de R$ 7,4 milhões em 2011 para R$ 8,3 milhões este ano.

BB e Caixa

Representados na mesa com a Fenaban, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também não apresentaram novas propostas aos trabalhadores e nem agendaram nova negociação. “Sem nova proposta e sinalização de negociação, resta aos bancários partirem para a greve com força total”, observou o presidente do Sindicato de Brasília e da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal  e Entorno (CUT-DF), Rodrigo Britto.

Bancários querem negociar

A Contraf-CUT, conforme orientação do Comando, enviará carta à Fenaban manifestando disposição para o diálogo e resolver o acordo na mesa de negociação. Também encaminhará ofícios aos bancos públicos, cobrando apresentação de propostas para as reivindicações específicas, e aos bancos privados, para exigir negociações sobre garantias de emprego.

O que os bancários querem

Confira, abaixo, as principais reivindicações dos bancários:

* Reajuste salarial de 10,25%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação projetada de 4,97%.
* Piso da categoria de R$ 2.416,38.
* Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
* Auxílio-educação para graduação e pós-graduação.
* PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos.
* Auxílio-refeição e vale-alimentação, cada um igual ao salário mínimo nacional (R$ 622,00).
* Emprego: aumentar as contratações, acabar com a rotatividade, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas) e ampliação da inclusão bancária.
* Cumprimento da jornada de 6 horas para todos.
* Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral para preservar a saúde dos bancários.
* Mais segurança nas agências e postos bancários.
* Previdência complementar para todos os trabalhadores.
* Contratação total da remuneração, o que inclui a parte variável da remuneração.
* Igualdade de oportunidades.

SEEB Brasília e  Contraf-CUT

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