Sindicatos cobram fim do assédio moral e descomissionamentos arbitrários na Caixa

Durante negociação permanente com os representantes da Caixa Econômica Federal, realizada na sexta-feira (12), em Brasília, os Sindicatos cobraram da empresa o fim do assédio moral e critérios transparentes para os descomissionamentos. Na ocasião, o movimento sindical mostrou preocupação com a retirada de comissão por decisão unilateral do gestor, uma vez que pode incentivar o assédio moral e provocar medo e apreensão entre os trabalhadores. Os descomissionamentos arbitrários estão ocorrendo até entre os caixas executivos.

Também participaram da negociação a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), as federações e demais entidades sindicais, assessorados pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa).

“A Caixa precisa rever imediatamente essa metodologia de descomissionamentos, que fica a cargo do gestor e é uma incógnita para o trabalhador. Queremos critérios claros para coibir os descomissionamentos arbitrários”, afirma a diretora da Contraf-CUT, Fabiana Uehara, que também é empregada da Caixa em Brasília, ao lembrar a importância de transparência nos processos.

A CEE/Caixa e demais entidades sindicais também cobraram da empresa melhorias dos benefícios dos aposentados, das condições de trabalho e solução para os problemas enfrentados pelos tesoureiros e pelos empregados que trabalham na compensação. Também foram discutidas questões relacionadas ao ranqueamento, trabalho aos sábados, login único e eleição do representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa.

Conselho de Administração

Mais uma vez, os representantes dos trabalhadores protestaram contra a posição da Caixa em não modificar as exigências para os candidatos a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa. As condições mantidas no estatuto inviabilizam a candidatura de 80% dos empregados.

O artigo 11 do estatuto estabelece como condições para o exercício de todos os cargos na diretoria e no conselho ser graduado em curso superior e ter exercido cargos gerenciais nos últimos cinco anos ou ter ocupado cargos relevantes em órgãos ou entidades da administração pública por, no mínimo, dois anos.

Os trabalhadores cobraram da Caixa alteração no estatuto para que um maior número de empregados participe da eleição. Em resposta, a empresa, que disse achar justa a reivindicação dos empregados, afirmou que aguarda decisão do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest).

Aposentados

O presidente da Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa (Fenacef), Décio de Carvalho, reivindicou uma solução para os problemas relacionados ao PMPP, plano que conta ainda com 846 participantes da Funcef (fundo de pensão), e também a inclusão no Saúde Caixa de 4.765 aposentados por PADV, como tem sido assegurado nos PAAs.

“Os participantes do PMPP, todos com idades acima dos 80 anos, estão há quase 20 anos com seus salários praticamente congelados, enfrentando dificuldades por conta do descaso com que foram tratados ao longo dos anos pela Caixa”, desabafou Décio de Carvalho.

A falta de assistência pelo Saúde Caixa foi outro grave problema citado por Décio. De acordo ele, os aposentados não têm condições de pagar plano de saúde oferecido pelo mercado.

Em resposta, a Caixa destacou que vai consultar a área responsável para saber o que é possível fazer para minimizar os problemas desse segmento. A empresa ficou de apresentar nas próximas negociações respostas concretas aos pleitos dos aposentados.

Tesoureiros

Novamente, a sobrecarga e as condições precárias de trabalho dos tesoureiros foram lembradas pelos dirigentes sindicais. Na ocasião, o movimento sindical observou as dificuldades enfrentadas pelo tesoureiro solitário (único na unidade). Em muitos casos, eles não recebem horas extras e não têm substitutos.

Durante a negociação, os representantes dos empregados lembraram que a Caixa já havia assumido o compromisso de extinguir o chamado tesoureiro solitário com a contratação de um segundo.

Como se não bastassem todos os problemas enfrentados pelos tesoureiros, esse segmento ainda tem o Termo de Verificação de Ambiência (TVA) entre suas atribuições, fato criticado pelos dirigentes sindicais.

Compensação

Outro item bastante debatido entre os representantes dos empregados e da Caixa foi a compensação das horas trabalhadas. As entidades ligadas aos trabalhadores destacaram que a Caixa descumpre o Acordo Coletivo de Trabalho, na medida em que estabelece formas inadequadas para a compensação. Não há sequer o aviso de cinco dias de antecedência. A compensação só deveria ocorrer em comum acordo, mas raramente o empregado é consultado.

Ranqueamento

Combatido veementemente pelo Sindicato, o ranqueamento de empregados continua sendo praticado dentro da Caixa, apesar de sua prática ser proibida pelo Acordo Coletivo de Trabalho, assinado entre as entidades sindicais e a própria Caixa. Dirigentes sindicais citaram exemplos praticados em diversas unidades. Foram mostrados registros do uso de mecanismos de disfarce, como no caso de campanhas de premiações e da formação de ‘galeria de notáveis’ da unidade.

Trabalho aos sábados

Num claro desrespeito aos sindicatos, incluindo o de Brasília, a Caixa continua convocando seu corpo funcional para trabalhar aos sábados. Na negociação, a CEE/Caixa criticou a prática e exigiu o pagamento integral das horas extras realizadas durantes feirões e outras atividades.

Login único

O movimento sindical questionou se o cronograma de implantação do login único está sendo respeitado. Além disso, os dirigentes sindicais informaram ao banco que em vários locais é possível trabalhar nos micros após o registro de saída ter sido marcado, pois o relógio do ponto não está funcionando. A Caixa ficou de verificar o problema e assegurou que será cumprido o cronograma de implantação da estação única, que vai até o dia 31 de agosto.

Respostas

Antes do encerramento da reunião, os representantes da Caixa afirmaram que vão encaminhar as respostas para as reivindicações pendentes já pautadas na mesa específica.

Fonte: Seeb Brasília